Avaliação toxicológica de efluente de lavanderia hospitalar: toxicidade aguda e crônica com Daphnia magna

Palavras-chave: Testes de toxicidade. Efluente Hospitalar. Daphnia magna. Lactuca sativa

Resumo

A poluição dos recursos hídricos está associada, sobretudo, por lançamentos diretos ou indiretos de despejos industriais e/ ou domésticos que não tem tratamento, ou o tem de forma insuficiente. Com isso, o corpo hídrico sofre alterações biológicas, químicas e físicas devido à elevada concentração de substâncias proveniente do despejo inadequado, contribuindo para agressão aos ecossistemas e a saúde humana. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivos avaliar a toxicidade de amostras de efluente hospitalar através de testes de toxicidade aguda e crônica com o microcrustáceo de água doce Daphnia magna e teste de germinação com a semente de alface Lactuca sativa. Além da análise de toxicidade buscou-se a caracterização físico-química e biológica das amostras do efluente hospitalar avaliado. Constatou-se que o efluente hospitalar está sendo liberado para a rede pública com a temperatura, sólidos totais e o pH acima dos valores estabelecidos pela Resolução Conama 430/2011. As amostras analisadas do efluente hospitalar demonstraram que não houve contaminação biológica relevante. O teste agudo com a D. magna indicou potencial tóxico para as amostras. Para a D. magna, a CE50,48h encontrada ficou na faixa de 4,41% a 33,85% para as amostras testadas. O teste crônico com a D. magna apresentou diferenças significativas no parâmetro de longevidade dos organismos. Para o teste de toxicidade com a semente de alface L. sativa, verificou-se para todas as amostras que quanto maior a diluição da amostra do efluente, maior foi o crescimento da plântula. Atualmente o efluente hospitalar não passa por nenhum tratamento antes do despejo final, assim são necessárias adequações conforme os limites estabelecidos pelas legislações Conama 430/2011 e Consema-RS 128/2006 para os parâmetros temperatura, pH e sólidos totais. Os testes de toxicidade realizados com a D. magna e a semente de alface L. sativaapresentaram toxicidade também estando em desacordo com o que estabelece a legislação Consema-RS 128/2006.   

Biografia do Autor

Cristiane Funghetto Fuzinatto, Universidade Federal da Fronteira Sul
Graduação em Oceanografia pela Universidade do Vale do Itajaí (2006). Mestre em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Santa Catarina, na área de Toxicologia Ambiental e Qualidade de Água(2009). Doutora em Engenharia Ambiental na área de toxicologia ambiental com ênfase em genotoxicidade e mutagenicidade realizando testes in vivo com peixes (2013). Experiência em Qualidade de Água e Toxicologia Ambiental. Pós-doutorado Programa Nacional de Pós-Doutorado (PNPD/CAPES-Institucional) vinculada ao Programa de Pós Graduação em Eng. Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina onde atuou com pesquisas relacionadas aos efeitos toxicológicos in vivo e in vitro da exposição a diferentes nanomateriais e nanocompósitos. Graduação em andamento em Engenharia Ambiental e Sanitária ma Universidade do Sul de Santa Catarina com previsão de conclusão em dezembro de 2016. Atualmente é Professora Adjunta do Curso de Engenharia Ambiental da Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS/Campus Erechim-RS na área de Gestão e Planejamento Ambiental. 

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Publicado
2018-06-22
Como Citar
Fuzinatto, C. F. (2018). Avaliação toxicológica de efluente de lavanderia hospitalar: toxicidade aguda e crônica com Daphnia magna. Revista Intertox De Toxicologia, Risco Ambiental E Sociedade, 11(2). https://doi.org/10.22280/revintervol11ed2.345
Seção
INTERDISCIPLINAR (MEIO AMBIENTE; SOCIAIS E HUMANIDADES; ENGENHARIA/TECNOLOGIA/GESTÃO)