Características físico-químicas e toxicológicas do Triticonazol

  • Lucas do Carmo Garcia Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
  • Gabriela Iná Savioli Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
  • Leonardo Galvão Gregório Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
  • Letícia de Jesus Ferreira Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
  • Marília Trivilin Mendes Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
  • Rafael Zanoni Camargo Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Resumo

Triticonazol é um fungicida utilizado no tratamento de pragas das culturas do trigo e cevada. Sua solubilidade é baixa (9,3 mg/L) e apresenta um coeficiente de partição octanol-água de 3,29 (log Kow), o que permite inferir que a substância tem tendência mediana para acumular em tecidos adiposos. A molécula é pouco volátil devido a sua baixa pressão de vapor 1x10-6 Pa. Dependendo das características do solo ele tende a ficar mais ou menos adsorvido, com Koc variando de 184 a 563. Com base em estudos realizados com cães, obteve-se uma dose de referência de 0,025 mg/kg/dia (EFSA, 2005), sendo possível derivar um padrão de potabilidade de 0,075 mg/L. Os dados de toxicidade para biota aquática indicam maior toxicidade para o crustáceo de água salgada,  Americamysis bahia,  com uma concentração de efeito não observado (CENO) de 0,025µg/L. Para água doce a maior toxicidade é para o peixe Pimephales promelas com CENO de 8,7µg/L. A partir desses valores foi possível encontrar o critério de proteção da vida aquática cujo valor obtido é 0,87µg/L para água doce e 0,0025µg/L para a água salgada. No Brasil, não foram encontrados relatos da presença do triticonazol em corpos hídricos. No entanto, foi possível encontrar ocorrência em dois lugares distintos: nos Estados Unidos (Wisconsin) e na Argentina (Buenos Aires), nos dois casos a concentração estava de acordo com o critério de proteção da vida aquática e de potabilidade, previamente calculados, portanto mais estudos deveriam ser realizados para a possível implementação do Triticonazol na legislação, já que seu uso é aprovado no Brasil, Estados Unidos e Europa.

Referências

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Publicado
2016-10-28
Como Citar
Garcia, L. do C., Savioli, G. I., Gregório, L. G., Ferreira, L. de J., Mendes, M. T., & Camargo, R. Z. (2016). Características físico-químicas e toxicológicas do Triticonazol. Revista Intertox De Toxicologia, Risco Ambiental E Sociedade, 9(3). https://doi.org/10.22280/revintervol9ed3.254