O USO DE CANNABIS MEDICINAL NO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UMA NOVA TERAPÊUTICA VIÁVEL?

Resumo

O transtorno do espectro autista (TEA) é uma condição neuropsiquiátrica heterogênea, cujos principais sintomas incluem déficits de comunicação e interação social, além de padrões comportamentais repetitivos, estereotipados e/ou restritos. Até o momento, não foram aprovados medicamentos para o tratamento dos principais sintomas do TEA e, devido a isso, opções alternativas como a Cannabis medicinal (CM) passaram a ser utilizadas. Neste contexto, o objetivo do presente estudo foi revisar a literatura científica a fim de elucidar os mecanismos neurobiológicos de atuação da CM e discutir sua possível utilização como terapêutica no TEA. Para tal, foi conduzida uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados MEDLINE, LILACS, Web of Science, Science Direct e Embase. Após seleção dos estudos publicados entre 2018 e 2023, foram incluídos nove artigos na presente revisão. Os resultados dos trabalhos analisados indicam envolvimento dos sistemas excitatórios-inibitórios glutamatérgicos e GABAérgicos no TEA, sendo esses potenciais alvos terapêutico. Além disso, os estudos analisados que avaliaram a eficácia e segurança do uso de CM mostraram resultados promissores, com melhora da qualidade de vida e dos sintomas disruptivos, além de não terem sido observados eventos adversos graves. Entretanto, as amostras analisadas ainda são pequenas e, alguns aspectos, como dose a ser utilizada e tempo de tratamento, ainda não foram bem elucidados. Portanto, o uso da CM aponta como uma proposta terapêutica viável no TEA, porém precisa ser melhor investigada, com a análise de mais variáveis e com o aumento das amostras utilizadas.