Abordagem Terapêutica ao paciente vítima de acidente botrópico: uma revisão de literatura

  • Iara Maria Oliveira de Carvalho UFCG- Cajazeiras
  • Ana Carolina Araújo de Queiroga Lima
  • Ana Lice Mendes Costa
  • Marly Rios Gaspar de Oliveira
  • Rebeca Karollyne Rolim Ribeiro
  • Natália Bitu Pinto
Palavras-chave: Acidente ofídico, Bothrops, Conduta do tratamento medicamentoso, Toxicologia

Resumo

Introdução: No Brasil, são registradas aproximadamente 250 espécies de serpentes, ¼ destas sendo peçonhentas, portadoras de glândulas para a produção e secreção de venenos. Ainda em território nacional, cerca de 90% dos acidentes ofídicos são desencadeados pelas cobras conhecidas como jararaca, jararacuçu, urutu e caiçara. Assim, desde 1988 eventos associados ao gênero Bothrops devem ser notificados compulsoriamente. Geograficamente, os ataques são mais predominantes nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A faixa etária registrada é ampla, variando entre 15 e 49 anos, sendo mais prevalente no sexo masculino. Já a toxicodinâmica do veneno botrópico se evidencia por meio de ação coagulante, proteolítica e vasculotóxica, determinando as formas leve, moderada ou grave, com manifestações locais ou sistêmicas. Metodologia: Tratou-se de uma revisão integrativa de literatura realizada no mês de maio de 2021 com abordagem qualitativa e descritiva. Como tópicos norteadores, foram considerados a apresentação clínica, o diagnóstico e a abordagem terapêutica para acidentes ofídicos desencadeados pela Jararaca. Para a busca, foram utilizadas as bases de dados Scielo, PubMed, Lilacs e portal PLOS, além dos descritores em ciências da saúde “veneno”, “bothrops” e “mordeduras de serpentes”. Foram admitidas pelos critérios de inclusão produções com texto completo disponível publicadas entre os anos 2001 e 2020, nos idiomas Português e Inglês. Foram excluídos artigos duplicados e com desvios à temática. Ao todo, 15 estudos foram incluídos. Levantamento bibliográfico: A abordagem ao paciente está intrinsecamente relacionada ao reconhecimento e à condução precoce do quadro clínico a partir da anamnese acurada e do exame físico direcionado. Sabe-se que o veneno da Bothrops se constitui por várias classes de toxinas importantes. Nesse sentido, as manifestações clínicas dependerão do tempo decorrido após a picada, sendo percebida nas primeiras 06 horas reação inflamatória aguda local. Caso o atendimento seja tardio, pode haver evolução para efeitos sistêmicos: coagulopatia de consumo, potencialização do efeito hemorrágico, choque cardiovascular, possibilidade de desenvolver insuficiência renal aguda e progressiva cronicidade em razão das agressões irreversivelmente sofridas. A investigação laboratorial é pertinente para o fechamento do diagnóstico e exames complementares devem ser solicitados seguindo o raciocínio clínico-temporal. Por conseguinte, o tratamento consiste em associar medidas gerais e específicas, de modo que a equipe deve estar capacitada para avaliar a gravidade do acometimento e determinar a quantidade de substância antiofídica a ser administrada. Para a neutralização da ação tóxica, preconiza-se a utilização de soro antibotrópico via intravenosa o mais precocemente possível. Grande parte dos acidentes ocorrem, no entanto, em zonas rurais sem acesso à soroterapia, demandando assim a investigação de novas associações nos reinos animal, vegetal e mineral para que a conduta contra o envenenamento botrópico seja mais acessível e disseminada. Conclusão: o acometimento à população economicamente ativa, a frequência e alto índice de morbimortalidade sinalizam o acidente botrópico como um grave problema de saúde pública. Embora efetivo, o atraso para administração correlacionado à má distribuição do soro é um forte agravante para o quadro de envenenamento, sugerindo urgência e agilidade. Adicionalmente, carecem pesquisas mais amplas acerca da utilização dos compostos vegetais e sintéticos nas mais recentes terapêuticas.
Publicado
2022-02-02
Como Citar
Oliveira de Carvalho, I. M., Araújo de Queiroga Lima, A. C., Mendes Costa, A. L., Gaspar de Oliveira, M. R., Rolim Ribeiro, R. K., & Bitu Pinto, N. (2022). Abordagem Terapêutica ao paciente vítima de acidente botrópico: uma revisão de literatura. Revista Intertox De Toxicologia, Risco Ambiental E Sociedade, 15(1), 5-16. https://doi.org/10.22280/revintervol15ed1.501