Instituto Serrapilheira

2017-03-27
É muito comum em outros países que instituições privadas financiem ideias que estimulem o avanço científico além dos pesquisadores que as produzem. O hábito não se repete no Brasil, aqui todas as agências financiadoras do ensino e pesquisa são órgãos governamentais financiados pelo estado. A concessão de bolsas acadêmicas já é pratica conhecida, o financiamento de projetos científicos por organizações como CAPES e FAPESP, também. Porém, todas essas modalidades além de serem extremamente restritivas, possuem editais extensos, confusos e burocráticos.No entanto na última quarta-feira, dia 22 de março, uma nova iniciativa tornou-se um marco para o avanço da pesquisa brasileira. Uma coletiva foi realizada no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) para o lançamento do Instituto Serrapilheira, primeira agência de fomento à pesquisa privada. Com uma doação de R$350 milhões de reais pelo casal Moreira Salles para um fundo patrimonial, a iniciativa promete financiar projetos de diversas áreas humanas e tecnológicas.Diferente das bolsas e financiamentos públicos, o Instituto Serrapilheira pretende atuar de forma diferenciada e oferecer recursos para pesquisadores investirem em estudos, testes laboratoriais, ensino e participarem de eventos científicos sem necessariamente produzir ou publicar trabalhos com datas pré-marcadas.A ideia de seus idealizadores é fornecer subsídios para os pesquisadores possuírem recursos e os gerenciarem de forma mais livre e criativa, garantindo autonomia para o desenvolvimento da ciência, tentando mudar a faceta que o mundo (e os próprios brasileiros) tem da pesquisa e inovação no Brasil.Para fazer parte do comitê científico avaliativo do Instituto foram convidados pesquisadores com alta relevância na área acadêmica e vasta atuação nos estudos técnico-científicos nas últimas décadas no Brasil; sendo previsto que as primeiras propostas já sejam elegidas no segundo semestre de 2017.A criação do Instituto vem em boa hora sendo que muitos recursos para a pesquisa e o ensino estão pendentes e sem previsão para esse novo ano. Com a crise econômica que atinge o país está cada vez mais difícil ser um cientista brasileiro, esperasse que esse seja somente o primeiro passo para um novo rumo no financiamento científico nacional.